Elas já andam ai !! avistei a primeira da época no passado dia 15 de Abril, junto ao rio Mondego, na zona da Copeira, freguesia de Santa Clara. Para aguçar o apetite para o inicio de época venatória que se avizinha nada melhor que relembrar algumas informações sobre esta espécie, um dos principais protagonistas da abertura de Verão, a Rola Comum.
Nome: Rola Comum (Streptopelia turtur)
Outros nomes: Rola BravaIdentificação e características
A Rola Comum é uma ave migradora que nos chega na Primavera, em Abril, vinda de Africa para nidificar no nosso pais e na restante Europa. Regressa ao continente africano no final de Setembro.
É uma espécie com menores dimensões que os pombos, diferenciando-se destes facilmente por ter uma cauda arredondada, terminada por uma faixa branca bastante larga e bem visível quando levanta voo.
A garganta e o peito são cor de rosa arroxeado e o abdómen é branco. Na parte superior das asas a cor predominante é o castanho canela, terminando as penas num rebordo preto. nas aves adultas, o pescoço e marcado com riscas brancas e pretas, característica diferenciadora dos juvenis que as não possuem.
Comprimento de 26 a 28 cm, envergadura de 47 a 53 cm e peso entre os 150 a 225g .
Hábitos e alimentação
Ave tímida, que por norma se mantêm escondida entre a folhagem das árvores. Prefere zonas florestais mistas com parcelas agrícolas por perto. Visível nas suas deslocações para beber e se alimentar, por norma duas por dia, uma ao amanhecer e outra ao fim da tarde, ficando nas horas de maior calor inactiva a descansar à sombra.
Alimentação baseada em sementes, muito gulosa de cereais como o trigo e a aveia, e de sementes de girassol. Também consome pequenos insectos e pedrinhas, que a ajudam na tarefa de preparar as sementes para serem digeridas.
Distribuição e abundância
Outrora abundante, a Rola Comum tem vindo a diminuir assustadoramente os seus efectivos nos nossos campos, ao longo das ultimas décadas.
É hoje uma ave pouco comum a Sul do rio Tejo, sendo ainda frequente no Norte do território nacional, principalmente no Nordeste.
Esta diminuição progressiva pode ter como justificação as alterações das condições encontradas no Norte de Africa, com mais áreas cultivadas e irrigadas, ficando as rolas por estas paragens, não completando a sua migração. Por outro lado o abandono dos campos no nosso pais também não as motiva a regressarem para nidificar. A caça excessiva pode ser outro factor relevante. Faltam no entanto estudos conclusivos para determinar com certeza os motivos de serem menos as rolas que nos visitam nos últimos anos.
Reprodução
O macho quando faz a corte, arrulha sem parar, até nas horas de maior calor, a meio do dia, quando todas as outras aves estão caladas. No auge dos seus galanteios, ele exibe ainda uns voos nupciais com subidas a pique e batimentos de asas.
A Rola Comum põe unicamente dois ovos sobre uma base de ramos secos pouco compacta. O ninho tem um aspecto inacabado e pouco solido. Quando se registam ventos fortes é frequente os ovos caírem do ninho, perdendo-se a postura. Nestes casos ou quando os progenitores são afugentados do ninho, preferem construir outro num local diferente a utilizar o mesmo para uma segunda postura.
São duas as posturas, a primeira ocorre na segunda metade de Maio. A incubação dura cerca de treze a catorze dias e nela tomam parte o casal. Os filhotes permanecem no ninho cerca de dezoito dias.
A segunda postura realiza-se em finais de Junho, podendo em caso da perda desta ou de haver um excepcional abundância de alimentação, realizar uma terceira postura. São estas terceiras posturas o motivo para se encontrarem em meados de Agosto alguns juvenis que ainda mal voam. Motivo que levou a adiar a abertura da caça do tradicional quinze de Agosto, para o terceiro Domingo desse mês.
Sua caça
É uma espécie cinegética de caça menor, que pode ser caçada unicamente à espera, do nascer ao por do Sol, durante os meses de Agosto (3º Domingo em diante) e Setembro (Decreto-lei nº202/2004, de 18 de Agosto, com a redacção que lhe é conferida pelo Decreto-leinº2/2011, de 6 de Janeiro, Secção VI, Artigo101º).
É proibido caçar esta espécie a menos de 100 metros de pontos de água acessíveis à fauna (ou seja rios, ribeiros, valas de rega, charcas, bebedouros artificiais e tudo o que tenha água...) e de locais artificiais de alimentação (cevadouros).
O limite de abate para esta época é de 6 exemplares, por dia e por caçador. No terreno não ordenado, vulgarmente denominado de "livre", não é permitida a caça à Rola Comum.
Não sendo tão desconfiada como os pombos, recomenda-se alguma discrição na colocação dos postos de caça, um abrigo camuflado garante de certeza melhores resultados. O tiro às Rolas não é fácil o que torna o seu abate um bom momento de caça. Temos cada vez mais de valorizar os momentos de qualidade em detrimento das grandes quantidades de abates, até porque convenhamos que seis pássaros não são um grande "molho", mas nos dias de hoje poucos se podem gabar de os conseguir.
Chumbo do nº8 ao nº6, se estivermos em sitio que entrem pombos. Cargas leves de 32 g, que estamos no Verão e a roupa é pouca para amortecer o recuo, e fundamentalmente boa pontaria são receitas para uma boa jornada de caça às rolas. Será também imprescindível um planeamento cuidado da colocação do posto de espera. É necessário ir ao terreno um bom par de vezes para saber o local de passagem das aves, de manhã e à tarde. Ir só no dia da abertura para o campo de arma às costas na esperança de que elas venham ter com nosco é confiar muito na sorte e geralmente dá "grade"
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15 de Agosto de 2008, Quinta do Albanês - Castelo Viegas (9 Rolas Comuns)
Na ZCM de Coimbra Sul
Na nossa zona de caça a Rola ainda vai marcando presença sem ter a abundância de outras épocas. Por vezes no inicio de Setembro somos visitados por bandos de aves de passagem, que já iniciaram a sua migração para Sul. Tendo a sorte de acertar num dias desse temos a hipótese de fazer um bom sinto.
Durante a época de reprodução é frequente ouvir o arrulhar característico desta ave um pouco por todos os pinhais da área da ZCM.
Para além dos restolhos agrícolas, o clube semeia e corta palha em alguns locais, sendo depois colocada comida e água, melhorando as condições para a reprodução desta espécie. estes cevadouros e bebedouros são activados normalmente, no inicio de Junho.
Os locais de mais querença para encontrar esta espécie em dias de caça são: quinta da Urgeiriça e campos do Ceira, na freguesia de Castelo Viegas; Campos do Mondego, entre a linha de caminho de ferro e o rio, nas freguesias de S. Martinho do Bispo, Ribeira de Frades, Taveiro, Ameal e Arzila; Pinheirinhas, freguesia de Assafrage; Valongo, freguesia de Antanhol, entre outros.
25 de Agosto de 2011, Quinta da Urgeiriça - Castelo Viegas
Luís Miguel Nunes Machado